Confira os minicursos que serão ministrados no XII Simbioma!
Minicurso 1 – Galhas de insetos: um mini-mundo a ser explorado
Carga horária: 8 horas
Ministrante: Valéria Cid Maia (UFRJ/Museu Nacional) e Barbara Proença do Nascimento (UERJ)
Link do Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/3425008572187545 e http://lattes.cnpq.br/0737434153883680
Detalhes
Galhas são modificações nos tecidos da planta resultantes de hiperplasia e hipertrofia, induzidas por vários organismos, dentre os quais os insetos se destacam como os mais frequentes e diversos. Os insetos galhadores modificam o metabolismo da planta em seu próprio benefício e, por isso, são considerados os herbívoros mais sofisticados do planeta. Como são espécie-específicos e cada espécie induz um morfotipo de galha com características únicas, a galha é considerada seu fenótipo estendido (Shorthouse et al., 2005).
Por serem estruturas sésseis, persistentes e de fácil visualização, as galhas são ótimos objetos de estudos ecológicos e de biodiversidade. Além disso, esses insetos figuram como engenheiros dos ecossistemas, uma vez que constroem estruturas que servem de nicho para outros organismos, principalmente artrópodes, aumentando assim a diversidade da fauna local (Jones et al., 1994). Os animais que ocupam secundariamente as galhas agrupam-se de acordo com seus hábitos nas guildas de cecidófagos, sucessores, cleptoparasitas, inquilinos e parasitoides, sendo estes últimos os mais frequentes (Luz & Mendonça, 2017).
A especificidade dos insetos galhadores possibilita que eles sejam enquadrados nas mesmas categorias do status de conservação de sua planta hospedeira, sendo considerados ameaçados quando ocorrem em espécies vegetais ameaçadas e, analogamente, endêmicos se ocorrem em plantas endêmicas (Maia & Mascarenhas, 2023).
Justificativa: apesar da importância ecológica das galhas de insetos, o seu conhecimento ainda é escasso e restrito a certas localidades do Brasil. A Mata Atlântica é um bioma muito estudado, porém, os inventários estão concentrados no Rio de Janeiro, principalmente em áreas de restinga. Os poucos levantamentos realizados em áreas de Floresta ombrófila mostram uma alta diversidade de galhadores, como apontado por Maia et al., 2014 em Santa Teresa (ES). O conhecimento taxonômico dessa guilda é incipiente em todos os biomas do Brasil, que apesar de ser um país megadiverso, abriga apenas uma pequena parcela dos galhadores descritos (cerca de 10%). Esse fato reflete a escassez de especialistas na área, estando a maioria dos indutores e fauna secundária identificada em nível de família ou ordem. Estudos taxonômicos são imprescindíveis para o conhecimento da biodiversidade, o que mostra a necessidade de formação de mais pesquisadores na área.
Objetivos: os objetivos são despertar o interesse dos alunos para o estudo de galhas de insetos e capacitá-los para o desenvolvimento de pesquisas acerca desse tema, possibilitando assim que projetos sejam desenvolvidos em áreas carentes de informações, de forma a contribuir para a mudança no estado de arte das galhas de insetos do país.
Metodologia aplicada:
- Com base na literatura, será apresentado um panorama geral do estudo de galhas no Brasil, mostrando como as publicações se distribuem entre diferentes áreas temáticas (botânica, ecologia, diversidade, conservação e outras), ressaltando o seu caráter multidisciplinar.
- As diferentes metodologias de coleta adotadas nos artigos publicados serão debatidas (prós e contras) em função dos objetivos de cada trabalho. Técnicas de criação serão apresentadas visando a obtenção de exemplares em fases distintas do ciclo evolutivo (necessárias à identificação dos insetos galhadores), bem como a forma adequada de preservá-los para estudo taxonômico.
- Será feito um treinamento da caracterização dos morfotipos de galhas, seguindo a proposta de padronização terminológica de Isaias et al., 2013.
- O conceito das guildas que compõem a fauna secundária será revisto e os critérios ecológicos para a inclusão dos exemplares nessas guildas será discutido.
- Aspectos taxonômicos e biológicos dos insetos galhadores e da fauna secundária serão ensinados para habilitar os estudantes a reconhecer morfologicamente os principais grupos associados às galhas.
- Os procedimentos corretos para a proposição de novos registros de espécies de plantas hospedeiras, de morfotipos de galhas e de localidades serão abordados, bem como a necessidade de registros fotográficos das galhas, da confecção de exsicatas e deposição de material-testemunha em coleções.
Relevância da atividade para o processo formativo dos participantes: como o tema do minicurso é multidisciplinar, a partir do estudo das galhas de insetos os alunos adquirem experiência na transversalidade nos temas que serão abordados. Ao adquirirem conhecimento de técnicas de botânica, criação e preservação de insetos para estudos taxonômicos, conceitos de ecologia, morfologia de alguns grupos de insetos, os alunos podem atuar em diferentes áreas de pesquisa.
Minicurso 2 – Banho de Floresta: contribuições da Ecopsicologia para promoção da saúde física e mental em ambientes de Mata Atlântica. (VAGAS ESGOTADAS)
Carga horária: 8 horas
Ministrante: Walter Luiz Oliveira Có (UFES/UFSCar)
Link do Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/4848094249322788
Vagas: 15
Detalhes
A Ecopsicologia é um campo interdisciplinar que explora a relação entre a saúde humana e o ambiente natural, integrando conceitos da psicologia, ecologia e filosofia. Desde sua origem na década de 1990, esta área tem ganhado destaque por sugerir que a desconexão entre os humanos e a natureza contribui para crises ambientais e problemas de saúde mental. A Ecopsicologia propõe que reconectar-se com o ambiente natural pode promover bem-estar físico, psicológico e emocional (Roszak, Gomes & Kanner, 1995).
A importância da Ecopsicologia para a saúde é amplamente respaldada por pesquisas que mostram os benefícios do contato com a natureza. Estudos indicam que a exposição a ambientes naturais pode reduzir níveis de hormônios ligados ao estresse, melhorar o humor, aumentar a imunidade e o bem-estar geral (Bratman, Hamilton & Daily, 2012). Práticas como a terapia do “banho de floresta” (shinrin-yoku) e a horticultura terapêutica têm mostrado eficácia na diminuição de sintomas de ansiedade e depressão, além de promoverem recuperação mental e aumento da concentração de crianças e jovens (Buzzell & Chalquist, 2009).
Além dos benefícios individuais, a Ecopsicologia destaca a importância da reconexão com a natureza para a saúde coletiva e ambiental. Ao promover a visão de que os seres humanos são parte integral do ecossistema, a Ecopsicologia incentiva práticas sustentáveis e um maior cuidado com o meio ambiente. Essa abordagem pode contribuir para a criação de comunidades mais resilientes e saudáveis, ao mesmo tempo em que apoia a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável (Louv, 2005).
Justificativa: a Ecopsicologia pode contribuir para ajudar a justificar a criação e manutenção de áreas naturais protegidas dentro e fora dos ambientes urbanos pois, além dos serviços ambientais prestados por esses ambientes, nesse caso específico de Mata Atlântica, temos também os ganhos em saúde física e mental, o que aumenta e muito nosso arsenal de argumentos nessa direção.
Objetivos: apresentar a Ecopsicologia aos Biólogos e demais pessoas interessadas e demonstrar seu potencial para ações interdisciplinares na Biologia e na Psicologia. Pretende-se também realizar uma atividade prática na Estação Biológica de Santa Lúcia, para que os participantes não só compreendam parte das estratégias utilizadas na condução de um “banho de floresta”, mas também percebam e se beneficiem com seus efeitos.
Metodologia aplicada:
- Uma introdução teórica de quatro horas pela manhã sobre a Ecopsicologia e sua aplicação na Biologia e na conservação de áreas naturais de Mata Atlântica.
- Uma prática de quatro horas no período da tarde ne Estação Biológica de Santa Lúcia para demonstrar as técnicas do banho de floresta e seus benefícios.
- A condução na trilha tem duração prevista de quatro horas e está dividida em três momentos distintos, descritos a seguir.
- O primeiro momento envolve dinâmicas interpessoais, onde utilizamos elementos da mata como as sementes para promover a apresentação das pessoas, promovendo assim um momento lúdico que favorece a integração do grupo entre si e também com o ambiente. Essa dinâmica nos permite “quebrar o gelo” e deixar mais à vontade as pessoas que ainda não se conhecem e favorece uma maior imersão no ambiente;
- O segundo momento é de dinâmicas exploratórias. Através de espelhos, lupas e técnicas de observação, os participantes são convidados a mergulhar nos detalhes do lugar e assim percebem toda sua riqueza e variedade de cores, formas, odores e sensações. A partir das percepções pessoais, traçamos as conexões que tecem toda a teia da vida presente no local;
- O terceiro momento é de imersão. Nesse momento privilegiamos o silêncio e a contemplação, a amplificação dos sentidos e a real imersão no ambiente, buscando uma conexão mais real e profunda dos participantes com a natureza presente. Nas imagens em anexo, por favor observem as expressões dos participantes que vivenciaram esse processo.
- Para finalizar, nos despedimos das pessoas e do lugar de uma maneira também lúdica e emocionante.
Relevância da atividade para o processo formativo dos participantes: assistimos atualmente a um ataque brutal às áreas naturais ainda existentes. Tanto nas práticas crescentes de desmatamento e incêndios florestais quanto nas tentativas diárias de mudanças na legislação que protege o meio ambiente para sua “flexibilização”, a sensação é a de que estamos perdendo essa “guerra”. Pessoalmente, encontrei na Ecopsicologia e também junto aos colegiados de Psicologia que interajo, uma abordagem inteiramente nova para a justificativa da manutenção, criação e proteção das áreas naturais. A perspectiva da saúde física e mental, aliadas aos ganhos dos serviços ambientais, de caráter mais ecológico, trazem uma nova área de atuação para a Biologia, além de fornecer uma visão transdisciplinar muito rica a esses profissionais. Nos aproximarmos da Psicologia, através da Ecopsicologia, pode gerar ganhos muito significativos para as duas áreas de conhecimento e fornecer aos biólogos ainda mais repertório e argumentos para suas aulas e ações na área da conservação. Além disso, a nível pessoal, o contato com a natureza através das técnicas da Ecopsicologia, vai sem dúvida promover o crescimento pessoal e potencializar ainda mais a experiência de quem já tem o privilégio de estar imerso nesses ambientes, mas sem desfrutar de todos os seus benefícios.
Minicurso 3 – Introdução à visualização de dados com o ggplot2
Carga horária: 8 horas
Ministrante: Gabriel Silva Santos (Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento sustentável / UFES)
Link do Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1714610835853424
Vagas: 15 – importante que o participante leve seu próprio notebook, o evento não fornecerá acesso aos aparelhos.
Detalhes
Recursos visuais, especialmente gráficos e mapas visualmente atrativos, têm sido cada vez mais requisitados, especialmente pelas revistas científicas, para garantir uma maior atratividade dos resultados publicados e um maior impacto na sociedade e entre os pares da academia. No programa estatístico R, o pacote ggplot2 tem sido considerado, disparadamente, a principal ferramenta para a elaboração desses mapas e gráficos. Com uma enorme comunidade de pesquisadores e programadores, cada vez mais recursos têm sido adicionados ao pacote ggplot2, tornando esta ferramenta altamente flexível e, por consequência, essencial no fluxo de trabalho de qualquer pesquisador ou consultor ambiental que deseja analisar dados, escrever artigos e relatórios técnicos. Essa realidade é especialmente importante na Mata Atlântica, onde o longo e intenso histórico de degradação, bem como a grande diversidade de espécies e endemismos caracterizam a Mata Atlântica como um dos principais biomas para conservação da biodiversidade do planeta.
Justificativa: é especialmente importante que dados e gráficos sejam apresentados de maneira eficiente, garantindo uma comunicação precisa entre consultores, pesquisadores e tomadores de decisão. O presente minicurso tem então o objetivo de promover uma melhor comunicação e impacto visual dos dados produzidos em consultorias e pesquisa através do uso do ggplot2.
Objetivos: neste minicurso será apresentada uma introdução ao pacote ggplot2, demonstrando que, apesar de suas inúmeras extensões, este pacote segue uma lógica muito simples, facilmente compreendida por usuários com pouco ou nenhum conhecimento de programação. Especificamente, espera-se com esse minicurso apresentar a lógica de programação do ggplot2 e ensinar como elaborar os principais gráficos, como modelos lineares, boxplots e mapas. Para isso, o minicurso se concentrará em exercícios práticos e na resolução de dúvidas. O minicurso vai capacitar os alunos para elaborar seus próprios gráficos e mapas de maneira efetiva.
Metodologia aplicada:
- Introdução ao software R (30 min)
- Introdução à lógica de programação no ggplot2 (30 min)
- Elaboração de gráficos na prática – parte 1 – gráficos simples (60 min)
- Elaborando os principais gráficos (modelos lineares, boxplots, scatterplots, etc.) no ggplot2 (60 min)
- Principais recurso gráficos de customização estética dos gráficos no ggplot2 (60 min)
- Elaboração de gráficos na prática – parte 2 – gráficos complexos no ggplot2 (60 min)
- Elaboração de gráficos na prática – parte 3 – Introdução à elaboração de mapas no ggplot2 (60 min)
Minicurso 4 – Análise de paisagem: uso e ocupação da terra, transição de uso e métricas de paisagem com R e QGis
Carga horária: 8h
Ministrante: Huezer Viganô Sperandio (UFVJM)
Link do Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8406552081653782
Vagas: 15 – importante que o participante leve seu próprio notebook, o evento não fornecerá acesso aos aparelhos.
Detalhes
A Mata Atlântica é reconhecida como um dos biomas mais biodiversos do mundo, abrigando cerca de 20 mil espécies de plantas, das quais aproximadamente 8 mil são endêmicas. Além disso, é lar para inúmeras espécies de animais, incluindo 298 mamíferos, 992 aves, 200 répteis, 370 anfíbios e 350 peixes. Infelizmente, a Mata Atlântica é também um dos biomas mais ameaçados, com apenas cerca de 12,4% de sua cobertura original remanescente, fragmentada em pequenos trechos dispersos ao longo da costa brasileira. A compreensão do uso e ocupação da terra, bem como a análise das transições de uso e das métricas de paisagem, são cruciais para a conservação e gestão sustentável deste bioma, que sofre pressão constante devido à urbanização, agricultura e outras atividades humanas.
Justificativa e objetivos: este minicurso visa capacitar os participantes no uso de ferramentas de análise espacial, especificamente R e QGIS, que são amplamente utilizados para a avaliação e monitoramento de mudanças na paisagem. A relevância do tema está na necessidade urgente de dados precisos e análises robustas para informar políticas públicas e ações de conservação. As mudanças no uso da terra têm um impacto direto na biodiversidade, influenciando a fragmentação de habitats, a conectividade entre áreas naturais e a viabilidade de populações de espécies ameaçadas. A utilização de métricas de paisagem, como índices de fragmentação, conectividade e heterogeneidade, permite quantificar esses impactos e fornecer informações críticas para a tomada de decisões.
Além disso, a análise temporal das transições de uso da terra fornece insights sobre as tendências de mudança, identificando áreas de maior pressão e ajudando a priorizar ações de conservação. Este tipo de análise é essencial para desenvolver políticas de uso da terra que conciliem desenvolvimento econômico com a conservação da biodiversidade.
A integração de técnicas avançadas de análise espacial com dados de alta qualidade permite uma abordagem científica rigorosa e informada para a conservação da Mata Atlântica. Este minicurso não só proporciona conhecimento técnico, mas também promove a aplicação prática e inovadora desses conhecimentos para a proteção de um dos biomas mais valiosos e ameaçados do mundo.
Metodologia aplicada:
Conceitos básicos: Noções de tipos de camadas (raster e vetor). Fontes de dados geoespaciais. Conceitos de uso e ocupação da terra e dinâmicas de transição de uso da terra. Introdução às métricas de paisagem: conceitos e importância para a conservação.
- Momento 1: Teórico
- Momento 2: Banco de dados espaciais (imagem de satélite e MapBiomas). Classificação de uso da terra de forma manual e supervisionada. Utilização do MapBiomas. Utilizando o Google Earth Engine e QGis.
- Momento 3: Com a imagem de uso do solo em dois anos (p.e. 1985 e 2020) realizar a metodologia para relacionar as transições de usos entre os anos utilizando e script no R.
- Momento 4: Métricas de paisagem no QGis
Relevância da atividade para o processo formativo dos participantes: a relevância desta atividade está em seu potencial de transformar a capacidade técnica e científica dos participantes, preparando-os para enfrentar os complexos desafios da conservação da Mata Atlântica com ferramentas analíticas e metodológicas robustas. Este minicurso oferece competências avançadas que vão além do conhecimento básico de análise espacial, capacitando os participantes com habilidades indispensáveis no campo da ecologia e conservação.
O contato com os softwares R e QGIS, que são gratuitos e de livre acesso, incentivará os participantes a utilizarem mais ferramentas tecnológicas na área ambiental. A familiarização com essas ferramentas permitirá realizar análises espaciais e temporais detalhadas, essenciais para a tomada de decisões informadas na conservação ambiental. Além de aguçar o desejo por aprimorar mais ferramentas de análise.
A análise temporal e a modelagem de transições de uso da terra equiparão os participantes com a habilidade de monitorar mudanças ao longo do tempo e prever tendências futuras. Técnicas avançadas de detecção de mudanças e modelagem de transições permitirão prever os impactos de diferentes cenários de uso da terra, o que é crucial para o desenvolvimento de estratégias de conservação adaptativas e proativas.
Finalmente, o curso inclui a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos através da prática realizada com a área de um município do Espírito Santo. Esta abordagem permitirá que os participantes observem diretamente as mudanças no uso da terra em uma região local, incentivando um olhar crítico sobre as políticas locais e suas implicações. Este enfoque prático fortalecerá a capacidade dos participantes de contribuir significativamente para a formulação e implementação de políticas públicas e ações de conservação eficazes.
Em suma, este minicurso não apenas aprimora as habilidades técnicas dos participantes, mas também expande sua capacidade de análise crítica e aplicação prática, capacitando-os a atuar de maneira eficaz e inovadora na conservação da Mata Atlântica e outros biomas.
Minicurso 5 – Conhecendo as formigas da Mata Atlântica
Carga horária: 8 horas
Ministrante: Ricardo Eduardo Vicente (UFMT)
Link do Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/3136128865901159
Detalhes
As formigas (Formicidae) constituem um grupo chave para se entender o mundo, isso porque as formigas participam de processos ecossistêmicos, estão envolvidas em interações com diversos organismos (Silva‐Viana et al. 2021; Anjo-Pereira et al. 2021; Del Toro et al. 2012). As formigas participam desde a areação e fertilidade do solo, até polinização, dispersão de sementes, controle biológico, dentre outros processos dependentes das formações vegetais (Baccaro et al., 2015; Del Toro et al. 2012).
A Mata Atlântica é o bioma onde se tem mais estudos sobre a diversidade de formigas e um dos mais ricos do Brasil (Feitosa et al. 2022; Schmidt et al. 2022). Porém, a biodiversidade de formigas capixaba está longe de ser satisfatoriamente conhecida (Vicente et al., 2023; Souza et al., 2024), mesmo este sendo um dos biomas mais ameaçados do país, o que gera uma lista de espécies que estão em perigo de extinção (Fraga et al. 2019). Portanto, o envolvimento de uma sociedade consciente e participativa na geração e difusão do conhecimento é importante para a valorização e sucesso da conservação (Guimarães et al., 2022; Ghilardi-Lopes et al., 2022; França et al., 2019;), especialmente da Mata Atlântica onde apesar de tantos estudos ainda são descobertas espécies novas frequentemente (Cordeiro & Camico 2023; Zacca et al., 2023).
Objetivos: conhecer quem são as formigas, o que fazem no meio ambiente, serviços prestados a humanidade, e a diversidade de espécies da Mata Atlântica.
Metodologia aplicada: apresentações sobre biologia e ecologia de formigas, diversidade de Formicidae da Mata Atlântica. Se possível, mostrar as metodologias de coleta no Museu e levar os pesquisadores cidadãos para o laboratório conhecer a biodiversidade de perto. O material amostrado durante o curso, pode ser fotografado e produzido folders ou banner para ser disponibilizado para atividades de educação ambiental do Instituto.
Relevância da atividade para o processo formativo dos participantes: os participantes vão aprender sobre a diversidade de formas, cores e hábitos de vida das formigas, além de conhecerem a diversidade e as principais espécies da Mata Atlântica, e poderem contribuir para a produção de material de pesquisa cidadã para educação ambiental no Parque do Museu Melo Leitão.
Minicurso 6 – Sistemas agroflorestais para restauração ecológica em nível de paisagem na Mata Atlântica
Carga horária: 4 horas
Ministrante: Lívia Gabrig Turbay Rangel (Instituto federal do Espírito Santo Campus Santa Teresa)
Link do Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8099739350003910
Detalhes
Introdução e Justificativa
A conversão de ecossistemas florestais em outros usos da terra tem causado impactos em vários níveis, sendo perceptível em nível local, como a redução da biodiversidade de fauna e flora locais, mudanças no microclima local, redução da qualidade de água, erosão do solo e assoreamento dos rios e cursos d’água, além da emissão de gases de efeito estufa tanto pelo desmatamento quanto pelas atividades adotadas; em nível regional como a mudança na paisagem, alteração clima, desertificação de áreas; e em nível global os extremos climáticos, emergências climáticas, provocando êxodo para grandes centros e situação de vulnerabilidade resultando nos refugiados do clima ameaçando a própria permanência dos seres humanos nestas regiões.
A Mata Atlântica, originalmente uma imensa floresta tropical que ocupava 15% do território nacional, hoje conserva menos de 13% de sua área original, sendo que 80% da floresta remanescente se encontra em áreas privadas. Muitas das áreas historicamente desmatadas são hoje subutilizadas, gerando poucos benefícios econômicos e grandes prejuízos ambientais. Diante desse cenário e com a melhor compreensão do importante papel desempenhado pela vegetação nativa para a manutenção da qualidade de vida da sociedade, a delimitação de áreas ambientalmente protegidas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) se faz estratégica para garantir a permanência de locais cujas funções são conservar a biodiversidade, proteger o solo e a água, e amenizar os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, o bioma é considerado um dos principais hotspots do mundo e área prioritária para a restauração (Brancalion et al, 2019).
A restauração ecológica de ecossistemas florestais abrange conhecimentos que perpassam por bases ecológicas e silviculturais que dão subsídios para a elaboração de estratégias e técnicas de modelos a serem adotados a partir de um diagnóstico, planejamento e implementação de ações. Entre os modelos de restauração ecológica em nível de paisagem, os sistemas agroflorestais vem sendo recomendados pelas diversas iniciativas iniciativas de restauração ecológica em nível de paisagem nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica (Pacto para restauração da Mata Atlântica, 2018; Miccolis et al, 2017; Aliança pela restauração da Amazônia, 2020).
Sistemas agroflorestais são sistemas de produção de alimentos e fibras alternativos aos convencionais. Por serem sistemas produtivos desenhados e planejados, baseados em processos e funções de ecossistemas florestais, são considerados mais próximos da sustentabilidade.
Metodologia aplicada
Aulas expositivas com as bases ecológicas e silviculturais para a restauração ecológica em nível de paisagens em APPs e RLs com Sistemas agroflorestais.
Relevância da atividade para o processo formativo dos participantes
A Relevância deste minicurso é embasar sobre técnicas e modelos em restauração e principalmente sobre Sistemas agroflorestais como modelo de restauração ecológica em nível de paisagem na Mata Atlântica