Os professores de História Natural José Galizi Tundisi e Takako Matsumura Tundusi em seu trabalho “Impactos potenciais das alterações do Código Florestal nos recursos hídricos” chegam as seguintes conclusões:
- A vegetação tem um papel crucial na regulação dos ciclos biológicos e biogeoquímicos nas bacias hidrográficas.
- O fluxo de água e nutrientes nas interfaces vegetação/solo/ água superficial/água subterrânea é vital para a manutenção sustentável dos ecossistemas naturais.
- A estrutura de vegetação altera a energia potencial, reduz a erosão e altera a química da água de superfície e a química da água subterrânea.
- A remoção da vegetação aumenta o transporte de sólidos em suspensão, aumenta a condutividade e degrada mananciais, aumentando os custos do tratamento da água para abastecimento.
- Áreas alagadas são fundamentais como sistema tampão para controle de enchentes, redução de fósforo e nitrogênio, redução de metais pesados e toxinas de cionobactérias.
- Áreas alagadas e florestas ripárias tem capacidade tampão reduzindo a poluição do ar, do solo e da água, proporcionando serviços ambientais de alto valor ecológico, econômico e social no controle dos processos naturais e funcionamento dos ecossistemas.
- A preservação de florestas ripárias, mosaicos de vegetação e de áreas alagadas é de fundamental importância na gestão de bacias hidrográficas, contribuindo para a estabilidade dos ciclos hidrológicos e biogeoquímicos e dando condições de sustentabilidade à agricultura.
- Remoção de vegetação e áreas alagadas para aumento de área agrícola comprometerá no futuro a reposição de água nos aquíferos, a qualidade de água superficial e subterrânea com custos econômicos, perda de solo, ameaças à saúde humana e degradação dos mananciais exigindo sistemas de tratamento mais sofisticados e de custo mais elevado em contraposição ao papel regulador dos ciclos naturais realizado pelas florestas e áreas alagadas.
- Sua remoção a curto prazo causará danos irreversíveis à quantidade e qualidade da água nas bacias hidrográficas e comprometerá a saúde humana e a produção de alimentos.
José Galizia Tundisi, possui graduação em História Natural pela Universidade de São Paulo (1962), mestrado em Oceanografia na University Of Southampton (1966) e doutorado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (1969). Atualmente é professor titular aposentado da Universidade de São Paulo e atua na pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos orientando mestres e doutores. Tem 29 livros publicados e 2 livros no prelo, foi presidente do CNPq – Brasil (1995-1999). Tem 320 trabalhos cientíicos publicados e prêmios no Brasil no exterior.
Takako Matsumura Tundisi, possui graduação em História Natural pela Universidade de São Paulo (1962) e doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade de São Paulo (1972). Foi docente pesquisador da Universidade Federal de São Carlos de 1971 a 1992, na área de Ecologia Aquática. Titular da cadeira de Ecologia desde 1978, aposentou-se em 1992 porém continua credenciada no Programa de Pós graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UFSCar orientando Mestres e Doutores. É editora-chefe do Brazilian Journal of Biology (BJB). Pesquisador Nivel 1D do CNPq no periodo de 03/2009 a 02/2012 e possui o grupo de pesquisa em Biodiversidade Aquática.
Este trabalho foi publicado em 5 de novembro de 2010 e pode ser lido na íntegra.