
Antiga residência de Augusto Ruschi.
Atualmente funciona a administração, biblioteca e herbário do MBML
O MBML, apesar de dispor de uma importantíssima coleção zoológica e botânica, não possui nenhum pesquisador em seus quadros e nem curadores responsáveis por suas coleções. De acordo com o Portal da Transparência do governo federal, no último ano o Mello Leitão recebeu cerca de R$ 600 mil. Se o compararmos com o Museu Goeldi, instituição similar localizada no Pará e vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o Mello Leitão recebeu, em 2010, 18 vezes menos recursos para suas atividades do que o seu similar em Belém.
A história da pesquisa científica e tecnológica no Brasil é marcada pela profunda desigualdade regional no acesso aos recursos aplicados no segmento. O Projeto de Lei 7437/2010, do qual fui relator e que acabamos de aprová-lo na Comissão de Ciências e Tecnologia Comunicação e Informática da Câmara Federal, é fruto de mais de 10 anos de luta para fazer o MBML retornar aos ideais de seu fundador.
Entendemos que a transferência do Museu Mello Leitão para o Ministério da Ciência e Tecnologia, com a nova denominação de Instituto Nacional da Mata Atlântica dará à cidade de Santa Teresa a competência de administrar os ideais de Augusto Ruschi.
O Ministério de Ciência e Tecnologia já atua como órgão supervisor de outras respeitadas entidades com foco nos principais biomas brasileiros e responsáveis pelo fomento à pesquisa, conservação e desenvolvimento sustentável, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e o Instituto Nacional do Semi-Árido.
Ser a vanguarda do conhecimento sobre a Mata Atlântica pode impulsionar medidas que protejam a enorme biodiversidade desse bioma para as gerações futuras. Embora a pesquisa e conservação da biodiversidade da Mata Atlântica seja uma prioridade nacional e internacional, o Brasil não dispõe de uma instituição pública com essa missão específica.
Portanto, o fortalecimento do MBML como instituição que fomenta a pesquisa, conservação e desenvolvimento sustentável na Mata Atlântica vai ao encontro das diretrizes da Convenção sobre a Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário. O Museu de Biologia Mello Leitão possui as pré-condições para atuar como instituição-chave na pesquisa e conservação da Mata Atlântica central. A sua nova denominação como Instituto Nacional de Mata Atlântica dará recursos suficientes para o desenvolvimento de pesquisa sobre biodiversidade, dando-lhe mais prestígio internacional e colocando Santa Teresa no mapa mundial da pesquisa sobre a Mata Atlântica.
Artigo de autoria do Deputado Paulo Foletto
Publicado na Gazeta Online em 15/06/2011