

Antropólogo, escritor e folclorista. Intelectual com trajetória profissional voltada para ações afirmativas e políticas culturais de afirmação do negro no Brasil.
Edison de Souza Carneiro nasceu em Salvador em 12 de agosto de 1912, filho de Antonio Joaquim de Souza Carneiro e Laura Coelho de Souza Carneiro. Advogado e escritor, etnólogo, folclorista, historiador, foi um dos mais destacados pesquisadores da cultura popular, tendo participado de movimentos que visavam o conhecimento e a valorização do folclore nacional. Estudioso dos temas afro-brasileiros, tornou-se a maior autoridade nacional com relação aos cultos de origem africana e os problemas de aculturação dos africanos no Brasil.
Estudou na capital baiana, diplomando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia em 1935, participou do grupo literário Academia dos Rebeldes, juntamente com Jorge Amado, que publicou com ele e com Dias da Costa a novela Lenita n’O Jornal, em 1929. A partir de 1933, passou a se dedicar ao estudo da cultura brasileira de matriz africana, em 1937 fundou a federação das casas de candomblé baianas, sob a denominação de União das Seitas Afro-Brasileiras da Bahia.
Em 1937, juntamente com Arthur Ramos, organizou o II Congresso Afro-Brasileiro; neste evento além dos intelectuais e membros do movimento negro, foram convidados: Mãe Aninha, Eugênia Anna dos Santos – Iyalorixá Oba Biyi e Martiniano do Bonfim, Ojé L’ade, inaugurando, assim, um caminho de afirmação entre a tradição popular e o campo erudito que estuda a cultura africana-brasileira.
Viveu no Rio de Janeiro desde 1939, onde trabalhou como jornalista, ensaísta e professor, sempre voltado para as questões que tocavam a brasilidade e o popular. Em 1959 iniciou sua carreira de professor, com o ensino da disciplina Bibliografia do Folclore, no Curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional. Mais tarde passa a ministrar, na condição de professor visitante, cursos em várias universidades brasileiras, entre as quais, as de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul.
O Museu de Folclore tem seu nome desde 1976, Edison Carneiro foi um dos inspiradores da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (CDFB), criada em 1958. Em sua gestão como diretor-executivo da Campanha, no período 1961-64, foi inaugurada a Biblioteca Amadeu Amaral e iniciada a aquisição de peças para o Museu, cuja criação se deu em 1968, sob sua inspiração.
Em 1969, foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis, e mais, também foi condecorado com a Medalha Sílvio Romero pelo Governo da Guanabara e com a Medalha Euclides da Cunha, pela cidade de São José do Rio Preto.
Dentre as instituições em que atuou, destacam-se, além de várias universidades brasileiras, o Conselho Nacional de Folclore, a Comissão Nacional de Folclore, vinculada à Unesco, e entidades internacionais como as Sociedades de Folclore do México, Argentina e Peru.
Edison Carneiro foi presidente de honra de diversas agremiações carnavalescas, entre elas as escolas de samba Portela, Salgueiro, Mangueira, no Rio de Janeiro, e o Afoxé Filhos de Gandhi, em Salvador.
A transformação da CDFB em órgão de caráter permanente foi concretizada pela criação do Instituto Nacional de Folclore (1978), atual Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.
É autor das seguintes obras, entre outras: Religiões Negras, 1936; Negros Bantos, 1937; Candomblés da Bahia, 1948; O Quilombo dos Palmares, 1947; Antologia do Negro Brasileiro, 1950.
Intelectual militante especializou-se em temas voltados à história do negro e a valorização de sua cultura, inclusive indo à África em 1961 para pesquisar a cultura ioruba e assim dimensionar sua influência entre os afrodescendentes brasileiros.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1972
Fonte: http://antigo.acordacultura.org.br