Não destruam o INMA!

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Excelentíssimo Senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação

Sr. Celso Pansera (Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação)

O INSTITUTO NACIONAL DA MATA ATLÂNTICA – INMA, nova denominação do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, foi fundado pelo notável naturalista Augusto Ruschi em 1949, na cidade de Santa Teresa, Espírito Santo. O trabalho de pesquisa, conservação biológica e difusão científica realizado pelo naturalista deu a ele e à instituição que fundou grande notoriedade internacional, tanto que após seu falecimento o Congresso Nacional deu-lhe o título de “PATRONO DA ECOLOGIA NO BRASIL”.

Em 1984 o Museu foi incorporado ao Governo Federal, ficando vinculado ao Ministério da Cultura. Na década de 1990 foi dado início a um movimento liderado por cientistas de várias instituições brasileiras, com apoio do Governo do Estado do Espírito Santo e diversas lideranças políticas, com o objetivo de transferir o Museu para o Ministério da Ciência e Tecnologia, dando-lhe o adequado status de instituto de pesquisa. Em 2010, por iniciativa do MCTI, foi enviado ao Congresso Nacional, pela Presidência da República, um projeto de lei que, dentre outras medidas, transferia o Museu Mello Leitão para o MCTI, transformando-o em Instituto Nacional da Mata Atlântica. O PL foi aprovado no final de 2013 e a Lei foi sancionada pela Presidente da República em fevereiro de 2014.

Desde então, temos aguardado a publicação do decreto que regulamenta a Lei, para que o processo de transferência institucional seja finalizado e o INMA possa atuar em sua plenitude. Entretanto, recebemos com muita surpresa e indignação a informação de que tramita no MCTI um projeto de reforma administrativa que prevê a extinção do INMA e a incorporação de sua missão a um novo instituto a ser criado, com o nome de Instituto dos Biomas Brasileiros.

Um país que respeita a sua história e as suas instituições científicas não pode, de uma hora para outra, extinguir um instituto de ciência que existe há 66 anos, que tem renome internacional e que foi fundado por um dos pioneiros no estudo da conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Além de desmerecer todo o esforço que tem sido feito por cientistas, conservacionistas, ambientalistas e gestores públicos em prol do conhecimento e conservação da Mata Atlântica, a extinção do INMA é um desrespeito ao povo do Estado do Espírito Santo. O INMA (Museu de Biologia Mello Leitão) é uma das instituições mais queridas e respeitadas no Estado, em grande parte por simbolizar a luta de Augusto Ruschi pela conservação da Mata Atlântica.

Por fim, não podemos deixar de mencionar que toda a mobilização que fizemos, inclusive no Congresso Nacional, para levar o Museu fundado por Augusto Ruschi para o MCTI não foi para que, neste Ministério, ele seja extinto. Isto, Senhor Ministro, realmente não tem cabimento.

Agradecemos antecipadamente a atenção e compreensão que, certamente, Vossa Excelência dará às nossas considerações aqui apresentadas. Colocamo-nos, portanto, à Vossa disposição, no sentido de colaborar para a efetivação do Instituto Nacional da Mata Atlântica, conscientes dos esforços que precisamos fazer, graças às dificuldades circunstancias por que passa o País.

Atenciosamente
Maria Margareth Cancian Roldi
Presidente da Associação de Amigos do Museu de Biologia Professor Mello Leitão – SAMBIO

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18 pensou em “Não destruam o INMA!

  1. Realmente é um absurdo esse projeto de reforma ministerial do MCTI. Ignora o papel histórico e científico das instituições envolvidas. Não podemos aceitar isso!

  2. Realmente é com enorme pesar e tristeza que recebi esta notícia a alguns dias, após todo o esforço e respeito com que a questão foi tratada simplesmente querem dar fim a um sonho de várias décadas, o INMA não pode ser extinto, ao meu ver essa reforma Ministerial é no mínimo desrespeitosa para com a instituição e o Povo espírito santense.

  3. Me irmano aos colegas e amigos do INMA, estando igualmente indignado com a mesma intenção descabida de extinguir o Instituto do Semiárido Brasileiro – o INSA.
    Imano-nós contra essa aberração.
    Art
    Leonardo Tinoco

  4. A se concretizar a extinção do INMA o governo promove um desrespeito não só ao povo do Estado do Espírito Santo mas a todos os brasileiros que, ao contrário desse governo, são preocupados com a conservação de nossa biodiversidade.

  5. O INMA abraça todo o Bioma Mata Atlântica, e enquanto parte do MCTi, tem a missão de cuidar de importante parcela de nossa biodiversidade. De uma hora para outra veio este viés pretensioso de reforma ministerial, que soa como um enorme retrocesso, no processo de conservação da tão castigada Mata Atlântica, que é o lar, não somente de animais e plantas, mas também a nossa morada. Precisamos dela, e do INMA! Não podemos permitir que o esforço e as conquistas até agora sejam jogadas por terra …

  6. Mi completo apoyo y solidaridad con los colegas que han trabajado por la creación del INMA y que luchan desde la ciencia por la conservación y valoración de la Mata Atlántica. Fuerza y hacia adelante!

  7. O conceito “One Health” cada vez mais defendido por médicos e cientistas demonstra claramente que a saúde do homem é totalmente vinculada a saúde ambiental. Preservar um instituto de referência nacional, cuja atuação esteja centrada no bioma que concentra as cidades brasileiras mais populosas é estratégico para se evitar o ressurgimento de doenças infecciosas em áreas urbanas, além do monitoramento de novas zoonoses.
    Será um retrocesso absurdo se o governo federal não honrar o compromisso de consolidação do INMA, após sua criação por lei federal, após todo histórico de luta, mobilização técnica e articulação política da comunidade científica capixaba e dos amigos do MBML. Os argumentos para manutenção dos institutos nacionais ligados à Amazônia se aplicam plenamente a manutenção da autonomia administrativa do INMA, considerando a trajetória científica do MBML, as particularidades do bioma Mata Atlântica concernentes a alta taxa de endemismos em áreas integralmente ameaçadas, somadas ao fato de ser o Espirito Santo o elo de ligação deste bioma, que integra biotas litorâneas e do interior do país. Um bioma reduzido, fragmentado e explorado ao extremo, mas que ainda preserva uma rica biodiversidade.
    A manutenção do INMA estruturado como tal é condição basilar para que se consiga integrar diferentes iniciativas para conservação e conhecimento da mata atlântica e este é apenas o primeiro passo para buscarmos um contraponto formal a esta realidade de destruição ambiental na qual vivemos.

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