Povos indígenas no Espírito Santo – Tupinikim

Kalna Mareto Teao
Foto: Século Diário

Foto: Século Diário


No Espírito Santo, existem duas etnias, os povos indígenas Tupinikim e Guarani Mbya. Ambos situam-se em Aracruz, município localizado no litoral norte do estado e distante da capital Vitória cerca de 83 kilômetros.

A presença dos povos Tupinikim no estado é anterior à chegada dos europeus ao Brasil. Denominados de Tupinikin, Margaiás, Tuaya ou Tupiniguin, esses índios habitavam uma faixa de terra litorânea compreendida entre Camamu e o rio Cricaré ou São Mateus, abrangendo, portanto, terras da Bahia e do Espírito Santo. Entretanto, a ocupação das terras atualmente restringe-se apenas ao município de Aracruz.

Desde os primórdios da colonização da capitania do Espírito Santo, ocorreram lutas entre índios e portugueses. Em 1535, há relatos de que o donatário Vasco Fernandes Coutinho teria enfrentado os indígenas a partir da edificação de Vila Velha. Os índios contrários ao projeto colonial refugiaram-se na Mata Atlântica, de onde investiam contra os núcleos coloniais e seus moradores.

Além disso, como forma de resistir à colonização portuguesa, os Tupinikim, situados próximos ao rio São Mateus, preferiram aliar-se aos franceses ajudando-os a carregar seus navios com pau-brasil. Devido à aliança com os
franceses, os índios sofreram severas punições por meio de guerras. Durante a segunda metade do século XVI, os
Tupinikim estavam reduzidos numericamente, devido à escravização, à destruição das aldeias e à dizimação.

No século XVI, com intuito de evitar a resistência indígena na capitania, os portugueses passaram a promover aldeamentos ao longo do litoral. Nessa época, foram criados os aldeamentos de Reritiba, Iriri, Guarapari e Vitória. … os Tupinikin, originários de Pernambuco, eram uma tribo derivada dos Tupinambás, tendo migrado rumo ao sertão e litoral sul.

No século XVII, …, os Tupinikim aldeados já haviam perdido seus padrões de cultura, encontrando-se, pois, destribalizados . Em 1617, um grupo de 500 índios sofreu um longo deslocamento a fim de servir como mão-de-obra na região de São Pedro da Aldeia, atual Cabo Frio. No século XVII, os Tupinikim encontravam-se falantes da língua geral e convertidos ao cristianismo.

Durante o século XVII até o início do século XIX, os indígenas do litoral do Espírito Santo passaram a sofrer ataques dos Botocudos, principalmente nas regiões entre os rios Doce e Mucuri. A política indígena do governo imperial promovia ataques de extermínio aos Botocudos, considerados como ameaça à civilização.

Diante desse contexto, os Tupinikim eram submetidos às pressões dos Botocudos que promoviam ataques incessantes às suas regiões e também eram perseguidos pelo governo oficial, pelo fato de serem índios. Nesse ambiente de pressões, os Tupinikim preferiam assumir-se como caboclos, falando a língua nacional e mestiçando-se com intuito de sobreviverem à tamanhas adversidades as quais eram submetidos …

Durante os séculos XIX e XX os Tupinikim viviam incorporados à sociedade nacional. A presença de povos indígenas não era reconhecida oficialmente pelo governo.

No século XX, os povos Tupinikim viviam de maneira esparsa no município de Aracruz. Seus núcleos familiares eram distantes uns dos outros. Sobreviviam principalmente da coleta de mariscos. Alguns índios trabalhavam na cidade exercendo atividades como domésticas, pedreiros, pescadores, carvoeiros, dentre outros.

Fonte:CADERNOS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA – PROESI. Organizadores Elias Januário e Fernando Selleri Silva. Barra do Bugres: UNEMAT, v. 6, n. 1, 2008.