TUBINAMBÁ sob Terror

20130825-1Os Tupinambá de Olivença vivem na região de Mata Atlântica, no sul da Bahia. Sua área situa-se a 10 quilômetros ao norte da cidade de Ilhéus e se estende da costa marítima da vila de Olivença até a Serra das Trempes e a Serra do Padeiro.

A vila hoje conhecida como Olivença é o local onde, em 1680, foi fundado por missionários jesuítas um aldeamento indígena. Desde então, os Tupinambá residem no território que circunda a vila, nas proximidades do curso de vários rios, entre os quais se destacam os rios Acuípe, Pixixica, Santaninha e Una.

Apesar da longa história de contato, a filiação ameríndia é fundamental para compreendermos a vida social dos Tupinambá de Olivença na atualidade. Não se trata de um resquício histórico remoto, mas de uma marca efetiva na organização social e modo de vida dos Tupinambá que hoje habitam a região. Entre outros aspectos, destaca-se sua organização em pequenos grupos familiares e certos gostos alimentares, como a preferência pela “giroba”, uma bebida fermentada produzida por eles.

Ainda que os Tupinambá de Olivença se considerem muitas vezes “caboclos” ou mesmo “índios civilizados”, isso nunca significou um abandono de sua condição indígena. O Estado retirou-lhes os direitos indígenas diferenciados a partir do fim do século 19, em função das visões restritivas que os órgãos oficiais tinham a respeito de quem era ou não indígena. Foi somente com a Constituição de 1988 que se criou abertura legislativa para que as solicitações dos Tupinambá de Olivença, e de outros povos, fossem ouvidas e pudessem ter respaldo.

Em 2001, os Tupinambá de Olivença foram reconhecidos oficialmente como indígenas pela Funai. A primeira fase de demarcação do seu território concluiu-se em abril de 2009 com a publicação do resumo do relatório de identificação e delimitação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença.
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Na madrugada de sábado para domingo, dia 18 de agosto de 2013, Potyra Te Tupinambá (Ivana), uma das lideranças de Olivença, Ilhéus-BA, sofreu um atentado incendiário, que não ceifou a vida da indígena porque nesta noite ela não dormiu em casa, que fica na Aldeia Itapoã.

A mesma forma truculenta usada para a devastação da Mata Atlântica no Sul da Bahia é agora utilizada para garantir a ocupação de terras indígenas. Repetindo nossa triste história de despreso pelas população indígenas e por suas necessidades de espaço para organizarem suas aldeias. O agronegócio e as grandes empresas hoteleiras utilizam-se de pequenos proprietários para promoverem o caos, e depois, lucrarem com isto.

A Terra Indígena (TI-Tupinambá), desde 2009 espera a assinatura do governo, que mantém a homologação engavetada, provavelmente esperando pela aprovação da PEC 215, que passa a responsabilidade de demarcar terras indígenas ao congresso nacional, onde a bancada ruralista tem amplo domínio, como foi visto durante a discussão do novo Código Florestal.

Fonte: http://pib.socioambiental.org/ e http://www.indiosonline.net/