Carta do Rio sobre Educação Tutorial

Confira a íntegra do documento aprovado pela Assembleia do 2º Congresso Brasileiro de Educação Tutorial, realizada no Rio de Janeiro, no dia 16 de outubro.

1. Todo aluno de Graduação deve ter direito e acesso à formação que inclua suficiente e adequadamente Pesquisa e Extensão, privilegiando-se os fundamentos e propósitos da metodologia de Educação Tutorial em Grupo;

2. A Educação Tutorial configura-se não apenas quando envolve a participação de um Professor-Tutor, mas porque adota metodologia em que atividades de Pesquisa e Extensão convergem para o Ensino;

3. Pesquisa de Graduandos, em Educação Tutorial, não é da mesma natureza das pesquisas do Pibic e compreende despertar e capacitar o aluno para a inovação e para a construção de saberes com criatividade e autonomia;

4. Extensão de Graduandos, em Educação Tutorial, não é “assistencialismo social”, mas oportunidade para colocar em prática o exercício antecipado de cada profissão, conjugando a experimentação com o aprendizado, o que se articula indissociadamente com o conceito e com as atividades de Pesquisa para Graduandos;

5. Entende-se que estes conceitos e propósitos – em que Pesquisa e Extensão convergem para formação em nível de Graduação – não estão sendo percebidos e considerados pela atual gestão da CGRE/SESu;

6. A universalização da Educação Tutorial não se alcançará, obviamente, via multiplicação de Grupos PET e expansão do número de bolsas. O MEC precisa resgatar a lógica de uma expansão pelo efeito-demonstração, objetivo principal de Grupos PET;

7. A Educação Tutorial na Graduação não logrará alcançar seus legítimos objetivos, enquanto se persistir na precarização e no abandono do Ensino Público Médio e Fundamental, com seus salários aviltantes e suas condições materiais degradantes.

8. Há uma intensa e indesejável rotatividade de ocupantes no comando da SESu, o que – somado com a inexistência de um quadro de funcionários estáveis, que mantenham a republicana memória institucional – tem instabilizado e deteriorado programas como o PET e o Conexões de Saberes. Como agravante, essa conjuntura tem favorecido a prática de improvisações voluntaristas, caos administrativo e, então, autoritarismo e o arbítrio;

9. Provoca estranhamento que a Educação Tutorial – ou um Programa como o PET, que já consumiu muitas dezenas de milhões de Reais, com dezenas de milhares de bolsistas – jamais estejam presentes nos pronunciamentos do MEC ou nos programas de reforma universitária;

10. Professores e estudantes que buscam contribuir com a SESu, apontando desvios operacionais ou submetendo alternativas para recuperação de Programas, deveriam ser incentivados e acolhidos, pela CGRE/SESu, segundo os pressupostos da liberdade acadêmica de pensamento e de expressão, assegurando-se sempre o cumprimento da legislação e os direitos das vozes eventualmente dissonantes.

Para entender a carta:

O que é o PET – É o Programa de Educação Tutorial
Por cerca de 20 anos o Programa foi coordenado pela CAPES. A partir de 31 de dezembro de 1999, o PET teve sua gestão transferida para a Secretaria de Educação Superior – SESu/MEC, ficando sob a responsabilidade do Departamento de Projetos Especiais de Modernização e Qualificação do Ensino Superior – DEPEM-SESu/MEC. Atualmente, está sob a responsabilidade da Coordenação-Geral de Relações Estudantis (CGRE) da Diretoria da Rede IFES (DIFES).

São objetivos deste Programa: a melhoria do ensino de graduação, a formação acadêmica ampla do aluno, a interdisciplinaridade, a atuação coletiva e o planejamento e a execução, em grupos sob tutoria, de um programa diversificado de atividades acadêmicas.

O PET conta com 779 grupos distribuídos entre 114 Instituições de Ensino Superior distribuídas entre as diferentes áreas do conhecimento e as diversas regiões geográficas do país. De acordo com o estabelecido na Lei nº 11.180/2005, e regulamentado na Portaria MEC 976 de 27 de julho de 2010, o PET é desenvolvido por grupos de estudantes, com tutoria de um docente, organizados a partir de formações em nível de graduação das Instituições de Ensino Superior do país, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

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