Estradas-Parque

201303207

No cenário brasileiro, é certo que a gestão de estradas, como unidades de conservação – Estradas-Parque é um tema polêmico, pois há pouca literatura disponível sobre o assunto.

A avaliação de Estradas-Parque (EP), como uma categoria que tenha ou não efetividade de manejo, vem sendo discutida desde a década de 1970 no Brasil, ainda da ocasião do primeiro plano de Sistema de Unidades de Conservação do Brasil (SNUC).

O estabelecimento de unidades de conservação, no país, está em sua terceira concepção, ou seja, o chamado SNUC, mas seja pela decorrência das antigas legislações – Código Florestal (1934/1965) e do aparelho público – IBDF (Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal), desde 1979 a categoria Estrada-Parque estava prevista como uma unidade de conservação, muito embora em âmbito federal não tenha sido criada nenhuma no país.

A Estrada-Parque, em sua maioria, é implantada em áreas de interesse turístico e conservacionista, o que pode acarretar em aumento significativo de fluxos turísticos e trazer impactos negativos à comunidade, como à inserção de culturas externas, o aumento da
criminalidade e a especulação imobiliária. Paradoxalmente, se esse fluxo já existir de qualquer maneira, ela pode se transformar numa ferramenta de ordenamento territorial e gestão ambiental compartilhada.

Uma das características que difere as estradas parque de outras estradas é o fato de existir passagens de animais; túneis e redes.

A implantação de uma Estrada-Parque, nas condições apresentadas, mostra-se como um projeto ambiental não coerente com a conservação do meio ambiente, tendo sido implantada como forma de compensação para as comunidades locais. Os equívocos existentes na Chapada dos Veadeiros devem ser analisados para que não venha a acontecer em outras localidades.

Ao analisarmos o conceito de Estrada-Parque, enquanto unidade de conservação, percebemos que são muitos os desafios para a sua convertibilidade em área efetivamente de anteparo conservacionista. Ainda que como unidade de conservação in situ as EPs sejam extremamente inviáveis para a proteção de espécies endêmicas, o que há ainda que ser avaliado é como ela tem a capacidade de diminuir a pressão antrópica sobre as UCs de proteção integral que permitem visitação pública. Estes fatores se evidenciam claramente na forte atratividade das duas regiões estudadas, através da alta procura feita por eco turistas e aventureiros; dado o aumento do turismo
interno no Brasil na atualidade com a própria política
federal de regionalização do turismo.

Fonte: Proposta de estradas-parque como unidade de conservação: dilemas e diálogos entre o Jalapão e a Chapada dos Veadeiros de Veruska Dutra, Aracélio Colares, Lúcio Flavo Marini Adorno, Keile Magalhães, Kelson Gomes publicado em
Sociedade & Natureza, Uberlândia, 20 (1): 161-176, jun. 2008

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